Eleições 2022

Lula e Bolsonaro travam última batalha em debate na Globo

O debate teve cinco blocos, sendo dois com temas livres e outros dois com temas determinados. O quinto bloco foi reservado para as considerações finais dos candidatos.


O último debate antes do pleito desse segundo turno das eleições gerais de 2022 entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República, trouxe um clima de final de copa do mundo a milhares de brasileiros. A disputa está marcando o país, como a eleição mais disputada e dividida entre duas ideologias políticas de toda a história do Brasil.

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O debate foi realizado nos estúdios da Tv Globo, no Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo no G1, no canal de Tv por assinatura GloboNews e no canal de streaming Globoplay. O debate teve cinco blocos, sendo dois com temas livres e outros dois com temas determinados. O quinto bloco foi reservado para as considerações finais dos candidatos.

Salário mínimo e Auxílio Brasil

O primeiro a perguntar foi o Presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). O atual chefe do executivo perguntou sobre como Lula vai responder as acusações do programa eleitoral do petista que afirma que o governo atual vai acabar com o décimo terceiro salário, fim das horas extras e fim das férias. Lula não respondeu a pergunta e afirmou que o salário mínimo do governo atual é menor do que a inflação e questionou o presidente sobre não aumentar o salário em sua gestão.

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O presidente aproveitou a situação para anunciar o valor do novo salário mínimo para o ano de 2023 de R$1.400, valor acima da inflação e respondeu que enfrentou uma das maiores crises sanitárias do planeta e fez de tudo pra pagar o salário igual a inflação. Bolsonaro citou também o tratamento com os mais pobres como a marca de seu governo apresentando o programa “Auxilio Brasil”, além da proposta da reforma tributária para reorganizar as finanças públicas e garantir governabilidade.

Lula criticou o programa social do governo, citando que na sua gestão o salário mínimo sempre esteve acima da inflação e seus programas socias sempre foram atrelados diretamente aos mais miseráveis.

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Saúde e Pandemia

Lula fez uma pergunta sobre criação de hospitais a Bolsonaro. O atual presidente relatou feitos do seu governo e destacou o aumento expressivo de novos leitos de UTI em todo o país. O petista insistiu no tema e o chefe do executivo federal respondeu a Lula que não dava pra construir prédios no período da pandemia de Covid-19, onde os governadores decretaram fechamento total de todas as atividades econômicas, obrigando a todos a ficarem em casa, caso que atrapalhou o governo federal na administração da infraestrutura brasileira. Segundo o presidente, ele se concentrou na compra de vacinas e em manter a economia funcionando.

Aborto

Lula acusou o adversário de ter prejudicado os aposentados com a reforma da previdência, e apresentou uma declaração do presidente há 30 anos, em que Jair Bolsonaro supostamente defendia pílulas para aborto. Em resposta, o atual presidente disse que eram “pílulas do dia seguinte” e não de aborto como o (Citotec), e chamou o petista de “abortista convicto” e defensor da legalização das drogas e da ideologia de gênero, que no passado o petista defendia abertamente. “Você é um abortista convicto e você sempre trabalhou com isso. Assuma que você é abortista e não tem qualquer respeito com a vida humana”, disse Bolsonaro.

Lula rebateu dizendo: “Sou contra o aborto e as minhas mulheres eram contra o aborto. Respeito a vida porque tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Se quiser jogar a culpa do aborto em alguém, jogue em você mesmo”. O debate então tomou a direção de acusações de ambos os lados e narrativas, com acusações de fake news.

Economia

O ex-presidente questionou Bolsonaro sobre o problema da fome no país e da falta de poder econômico para comprar alimentos e beneficiar a população mais carente. Bolsonaro, respondeu que passou todo seu mandato sendo acusado constantemente por um sistema criado para desestabilizar seu governo, citando grandes empresas de comunicação (nas entrelinhas a própria Rede Globo), além de citar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Censura

Bolsonaro mencionou as supostas irregularidades nas propagandas eleitorais da sua campanha, em rádios do Norte e do Nordeste do país. Bolsonaro também citou que a censura imposta pelo PT que está colocando a democracia em risco, citando os episódios envolvendo a empresa de comunicação “Jovem Pan”.

Corrupção

Seguindo o debate, Bolsonaro chamou o adversário de “bandido”, ao citar casos de corrupção dos governos do PT perguntando ao petista “Cadê os seus ministros? Você quer escondê-los.” Lula respondeu citando o escândalo de desvios de recursos no Ministério da Educação, a questão das suspeitas de rachadinhas e acusou o presidente de ter ligações em sua campanha com o ex-deputado federal Roberto Jefferson, que está preso por atentar contra a vida de policiais federais.

Bolsonaro afirmou que Jefferson foi aliado do Lula no “mensalão” e que o mesmo nunca foi aliado de campanha. O presidente citou o episódio da denúncia de Jefferson contra o presidente no Suprem Tribunal Militar. Para Bolsonaro, o que o ex-deputado fez contra os policiais foi coisa de bandido.

Segurança

Bolsonaro questionou Lula sobre segurança pública e sobre a não transferência do criminoso Marcola pra um presídio de segurança máxima que o Lula não fez em seu governo. O petista rebateu, dizendo que a situação do criminoso era de responsabilidade de Geraldo Alckmin (PSD), governador de São Paulo à época. Bolsonaro replicou dizendo que lula foi na favela onde estava rodeado de traficantes e que no local onde o petista tinha visitado, nenhum poder público constituído entra sem autorização do crime organizado.

Constituição

Sobre o tema respeito à constituição Lula criticou as atitudes e a falta de ética do presidente, o petista pediu compostura do atual chefe do executivo, pois ainda era presidente. Em resposta, o presidente questionou Lula sobre seu programa de governo, de desmilitarizar as polícias e descriminalizar as drogas e os pequenos delitos, além de criar o “Tribunal de Manaus”, para julgar as responsabilidades do presidente diante das mortes por asfixia por falta de oxigênio nos hospitais da capital do Amazonas. Lula respondeu que desconhece tais propostas e disse que existem setores em sua campanha que trabalham em seu plano de governo.

Considerações Finais

Por fim, os adversários tiveram um minuto e meio, cada um, para suas considerações finais. Lula foi primeiro a falar e agradeceu a Deus a oportunidade e à Globo por ter dado a chance de mostrar os feitos do seu governo no passado, pedindo para que todos possam ir às urnas votar e “consertar o país”, para todos poderem se alimentar melhor.

Em suas considerações finais, o presidente Bolsonaro agradeceu à Deus pela sua segunda chance de vida, quando foi ferido e sobreviver em setembro de 2018, após sofrer um atentado à faca. O presidente pediu respeito à família, à propriedade privada e à vida, assim também em relação a não liberação das drogas. Bolsonaro conclui sua fala repetindo seu lema: Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.