Economia

Ex-presidente do Banco Central do Brasil diz estar com medo de política econômica do novo governo

Conforme Armínio, com a situação fiscal “extremamente frágil”, o economista acredita haver espaço para uma PEC da Transição de no máximo R$ 50 bilhões.


O economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, declarou em uma entrevista ao “Brazil Journal”, nessa quinta-feira (15), estar com medo das declarações e da futura política econômica do governo Lula para a próxima legislatura em 2023. “Votei no Lula e não me arrependo, mas estou com medo”, afirmou Fraga, destacando que o Brasil trilha um “caminho econômico extremamente perigoso” com sinalizações de irresponsabilidade fiscal.


“Eu apoiei a candidatura do presidente [eleito] Lula. Foi um apoio, no meu caso, sem qualquer condicionalidade. Eu votei e não me arrependo, mas agora estou com medo. Vários sinais já foram dados. Não dá para dizer que seja uma conclusão definitiva do que vem por aí, mas os sinais incluem vários comentários negativos sobre responsabilidade fiscal, que apontam para políticas de um estilo mais intervencionista. O todo é bem preocupante”, disse Fraga.
Segundo o economista, falta estratégia e sobram iniciativas que não estão sendo conversadas. Conforme Armínio, com a situação fiscal “extremamente frágil”, o economista acredita haver espaço para uma PEC da Transição de no máximo R$ 50 bilhões. Porém, existe uma esperança, de que o futuro ministro da Fazendo, Fernando Haddad, coloque o país na direção de uma “prosperidade sustentada” se as apostas econômicas estejam voltadas para a economia verde – algo que poderia reduzir os prêmios de risco.
Fraga criticou a PEC “do estouro” que deve aumentar além do “Teto de gastos” do orçamento do executivo federal, em quase R$200 Bilhões para custear o novo “Bolsa Família” de R$ 400 e o acréscimo de R$ 150 por crianças até 6 anos, por famílias beneficiadas. A PEC já foi aprovada no Senador e agora está sendo analisada na Câmara dos Deputados em Brasília. O ex-presidente do BC, disse que o Brasil está implantando um “mega problema” do ponto de vista macroeconômico.
“Estamos seguindo um caminho macroeconômico extremamente perigoso. Essa PEC desse tamanho, do ponto de vista macroeconômico, é um absurdo. Entendo as demandas, são todas legítimas. Mas isso precisa ser resolvido de uma maneira tal que a economia se sinta em paz para investir no futuro, para crescer. Se não tiver isso, não vai dar certo”, declarou Armínio.
De acordo com Fraga, essa iniciativa de ajudar o povo é importante, mas não em uma só tacada. “Não dá para aprovar essa PEC de R$ 200 bilhões, na prática. Os objetivos são legítimos, sendo metas importantes para qualquer governo de nome. Eles podem e devem ser atingidos, mas não de uma tacada só. Esse é um objetivo para quatro ou oito anos. A PEC deveria ser de R$ 50 bilhões, no máximo. A situação fiscal é extremamente precária, e estamos dando um sinal que vai à contramão do equilíbrio fiscal”, completou.

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