O transporte marítimo internacional pode enfrentar uma crise nos próximos meses. O canal do Panamá, está enfrentando uma das maiores secas da história, com os níveis de água mais baixos, mesmo o país estando no meio do período de chuvas. Embora o Panamá seja um dos países com altos índices de chuvas, está passando por uma das maiores secas já registradas.

Imagem: Engepoli.com
A água doce do canal do Panamá, é primordial para o funcionamento das ‘eclusas’ (que auxiliam os navios na passagem pela região), tem sofrido pela falta de chuvas, trazendo o nível pluviométrico ao mais baixo registrado na história. As autoridades da região restringiram a passagem de navios mais pesados e também ao tráfego diário. Nesta semana, as restrições foram prorrogadas por mais 10 meses.
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Entretanto, foi detectado um impacto mínimo nos negócios dos Estados Unidos (fábrica, comércio), porém existe a possibilidade de aumentar as limitações no setor econômico americano. O canal do Panamá é uma das vias fluviais no mundo, como, o rio Reno — Europa, e o rio Mississippi — nos EUA que estão sendo afetadas por condições meteorológicas (níveis baixos de água) atrasando o fluxo de mercadorias essenciais. Outros exemplos meteorológicos estão os ventos fortes e a tempestade de areia que foi responsável pelo encalhe há dois anos (2021) do navio Ever Given no Canal de Suez.
Conforme a líder de logística para a América do Norte da empresa Marsh, Janelle Grifith, condições climáticas adversas, a geopolítica ou qualquer situação imprevisível podem prejudicar o transporte marinho e trazer grandes problemas para as redes globais de abastecimento, que estejam funcionando melhor desde a crise gerada pela pandemia.
“Cerca de 80% de nossas mercadorias são transportadas por via marítima. Por isso, esse tipo de bloqueio é motivo de preocupação. E sim, isso tem ramificações globais. Ao ter um bloqueio numa parte da cadeia de abastecimento, o resto da cadeia é automaticamente afetada”.
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Foto: Gisele Federicce
Como funciona o Canal do Panamá
O canal precisa de uma abundante quantidade de água (50 milhões de galões) para que um *sistema de eclusas (*espécie de piscinas que ao serem preenchidas com um grande volume de água permitem que embarcações subam ou desçam os rios, ou mares em locais onde há desníveis) façam com que essas embarcações naveguem em um caminho mais curto, bateando o frete e diminuindo o tempo de viagem.
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Para que essa operação possa ser bem sucedida, o canal precisa dos lagos próximos à região, porém os níveis dos lagos neste ano estão baixos, mesmo na época de maior volume de chuvas na localidade.
Segundo o meteorologista-chefe da Everstream Analytics, Jon Davis, nessa época do ano, esses lagos deveriam estar aumentando, mas nesta primavera e verão no Panamá, foi a mais baixa desde o início do século.
“Isso não quer dizer que os níveis dos lagos de água doce vão baixar, mas não temos nenhuma melhora significativa em vista para o próximo mês”, explicou. “E com o El Niño começando a se intensificar, e todos os modelos climáticos existentes indicando que o fenômeno continuará a se acentuar no restante deste ano e início de 2024, essa é uma preocupação de longo prazo”.
Conforme Davis Isso pode levar a condições mais secas na parte sul da América Central, incluindo o Panamá. “Nunca sabemos a magnitude das interferências e até que ponto a cadeia de abastecimento vai ficar congestionada, mas parece, sem dúvida, que estamos indo nessa direção de problemas crescentes”, disse.