Opinião
Mauricio Farias

OPINIÃO

Rotas comerciais: É melhor ligar o Norte para fora do Brasil do que internamente

A rota Multimodal Manta-Manaus abrange todo o Estado do Amazonas e adjacências rumo a outros países da América do Sul


Em entrevista ao programa “Bom dia, Ministro”, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que uma das cinco rotas de integração sul-americana, lançado pelo governo federal visando reduzir o tempo de distância para o escoamento de produtos a serem exportados e importados entre os mercados asiático e brasileiro, deverá ser entregue em meados de 2025, e outras duas rotas em 2026. Na região norte, existem as rotas (Multimodal Manta-Manaus e das Ilhas Guianas).

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Sobre a rota Multimodal Manta-Manaus (como o nome já diz), é uma conexão entre o porto de Manta no Equador e a cidade de Manaus, capital do Amazonas no Brasil. O que me chama atenção, como “nortista” e morador de Manaus, é a rota Multimodal Manta-Manaus, que abrange todo o Estado do Amazonas e adjacências rumo a outros países da América do Sul. Contudo, a incógnita que fica no ar é, como fica a obra de recuperação da BR-319. Sai ou não sai?

O meu questionamento se refere aos estudos para a liberação da licença ambiental para a “reconstrução” do trecho do meio da rodovia brasileira. Entretanto, o que me deixa um pouco ressabiado é que a nova rota comercial (Manta-Manaus) vai construir e pavimentar rodovias no Equador, enquanto no Brasil, o trajeto será feito via fluvial, pelo rio Solimões. Isso me chama a atenção, pois recentemente o Estado do Amazonas passou por uma estiagem histórica que se tornou a maior em 120 anos.

Embora nossos rios sejam propícios à navegação de grandes embarcações, a seca registrada em 2023 na região trouxe grandes prejuízos comerciais, pois em alguns trechos de rio não era possível a navegação, devido à forte estiagem. Manaus ficou quase que isolada, mesmo tendo uma BR-319 em más condições, a qual, se tivesse sido devidamente pavimentada, poderia suprir as necessidades de Manaus e de municípios do Amazonas, até que as águas pudessem ter a situação normalizada.

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Contudo, as previsões indicam que neste ano de 2024 a estiagem deverá ser maior do que a de 2023, e o governo do Amazonas no início de julho, decretou estado de emergência em 20 municípios, que estão localizados nas calhas do Juruá, Purus e Alto Solimões (onde possivelmente deverá passar a hidrovia da rota ‘Manta-Manaus’).

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A questão descrita neste artigo se destina precisamente em saber o porquê de tanta dificuldade em reformar uma rodovia que foi inaugurada há 48 anos e que é de suma importância para Manaus, capital do Amazonas e Boa vista, capital de Roraima, sendo que os projetos (rota Multimodal Manta-Manaus e das Ilhas Guianas) estão sendo colocados como prioridades para essas duas localidades.

Contudo, Manaus só tem o Distrito Industrial a oferecer na fabricação (montagem) de produtos eletroeletrônicos para a exportação, e Boa Vista tem apenas a produção agropecuária como fonte de subsistência (e ainda muito prejudicada com a falta de terras disponíveis). Essas duas localidades poderiam produzir mais e serem verdadeiras rotas de comércio e emprego, não só dessa região, mas uma nova opção para o resto do Brasil, se houvesse uma rota alternativa à fluvial e aérea, como a via terrestre. Sendo que a BR-319 é a única ligação entre os Estados do Amazonas e Roraima com o resto do país. Finalizando, a ironia aqui é que priorizam rotas para fora do Brasil, enquanto estamos isolados dos nossos próprios irmãos brasileiros.