A política e a Justiça nunca param! Como fogo e gasolina, uma não consegue viver sem a outra. Principalmente no Brasil, pois onde há político existe também um dedo ou um braço do judiciário com ações, investigações e processos. E por curiosidade, a bola da vez é o “ex-juiz” e agora “político”, o senador Sergio Moro (UB-PR) que é alvo de um inquérito autorizado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), para apurar supostas irregularidades no âmbito de uma delação premiada negociada quando ele era juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
O caso onde o Moro está inserido, remota ao ano de 2004, quando o magistrado comandou o caso envolvendo o ex-deputado estadual do Paraná Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia. Na ocasião, Garcia, foi preso pela PF sob a acusação de gestão fraudulenta do Consórcio Nacional Garibaldi, em um processo anterior à Lava Jato.
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O ministro do STF aceitou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), após investigação da PF apontar uma melhor atenção sobre a delação premiada do ex-deputado do Paraná. Garcia afirma que Moro teria ameaçado e coagido o mesmo a ‘trabalhar’ para ele na produção de provas contra políticos e outras figuras relevantes, principalmente ligadas ao PT, como se fosse um Juiz estilo “Dreed” ou “Nicholas Marshall” da série “Justiça Final” exibida nos anos 90 na TV aberta brasileira (vai que o Moro é fã da série?).
Autorizado por Toffoli no ano passado, Garcia prestou depoimento à PF e contou que as supostas chantagens cometidas por Moro seriam relatadas ainda em 2021, quando a 13ª Vara Federal era comandada pela juíza Gabriela Hardt, que substituiu Moro na pasta. As acusações foram conduzidas ao STF somente no ano passado, por decisão do juiz Eduardo Appio, que esteve à frente do comando da Lava Jato por curto período.

Foto: Arquivo Agência Brasil
Quando era então Ministro da Justiça no Governo Bolsonaro, Moro pediu demissão do cargo por acreditar na ideia de que estaria preservando seu “currículo” de possíveis escândalos. Porém, contrariando sua decisão anterior de apenas seguir na carreira jurídica ou de assessoria empresarial, Sergio resolveu ser candidato ao senado pelo Estado do Paraná.
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Após sua vitória, Moro achou que o passado não o tentaria condenar! Contudo, o que o atual senador da república não observou direito, foi que, embora política e justiça andem juntas, uma é mais visada que a outra, sendo que quem pune é a justiça e geralmente o político é o acusado. E agora ele está do outro lado como o suspeito e no “lado de lá” àqueles a quem ele perseguiu, e que agora estão no cargo de juízes. Irônico isso!
Nesse momento, fico a pensar com meus ‘botões’ (pensando como político)! Se ele tivesse tido um pouco de visão (pois ao aceitar o cargo de ministro, ele já estava com a intenção de ser político), Moro deveria prever que a próxima eleição presidencial seria contra o PT novamente. Portanto, seria mais viável fortalecer o governo do qual fazia parte e pavimentar melhor sua ‘transição’. Mas reino desunido não se mantém em pé. O que não aconteceu do lado esquerdo da força.