Opinião
Mauricio Farias

OPINIÃO

07/09/23: Onde estão os brasileiros que encheram as ruas do país no ano passado?

Geralmente a festividade cívica tem sido classificada como um termômetro que mede a popularidade e adesão política dos brasileiros em relação ao presidente em exercício


Os desfiles do dia 7 de setembro em 2023 não tiveram uma adesão massiva do público brasileiro nas festividades da Independência do Brasil. A maioria da população ficou em casa ou viajou para o interior do país. No tradicional desfile na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a organização do evento apontou que 25 mil pessoas prestigiaram o desfile, porém a expectativa era de 30 mil espectadores.

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Geralmente a festividade cívica tem sido classificada como um termômetro que mede a popularidade e adesão política dos brasileiros em relação ao presidente em exercício.

A eleição bastante disputada e polarizada de 2022, Jair Messias Bolsonaro (PL) mostrou um engajamento massivo da população, a qual foi decidida em detalhes com a vitória do petista com pouco mais de 60 milhões de votos contra 57 milhões do atual presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL).

No dia 7 de setembro do ano passado, no bicentenário da Independência do Brasil, números apresentados pelo governo Bolsonaro apontaram a presença de 800 mil a 1 milhão de espectadores.

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Diante da grande discrepância entre os números de espectadores, em um intervalo de um ano entre os eventos, a pergunta que faço é: o que aconteceu com o povo brasileiro durante esse período?

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Durante os quatro anos do governo Bolsonaro, o que mais eu acompanhava eram milhões de pessoas nas ruas reivindicando diversas pautas de interesse público, sem medo de expressarem suas emoções (contrárias ou favoráveis) aos agentes públicos de todas as esferas (executivo, legislativo, judiciário).

Boa parte dessas manifestações eram realizadas em dias normais, e quando eram em dias cívicos (feriado), o povo brasileiro vestia as cores do país, onde em imagens aéreas mostravam imensos tapetes, verde-amarelos, de pessoas expressando seu amor à pátria em várias cidades do Brasil.

Onde estão esses brasileiros? Onde está o país que ficou dividido nas eleições de 2022? Não quero acreditar que o brasileiro deixou de ter amor ao seu país, não quero acreditar que esse mesmo brasileiro perdeu a esperança de uma nação forte e próspera! Será que deixamos de acreditar que somos “o país do futuro” para acreditar em um país “sem futuro”?

Com o “slogan” dos vencedores de 2022 que dizia “O Amor Venceu”, não consegui entender que nesse dia 7 de setembro de 2023, eu não tenha visto pessoas nas ruas com suas famílias (crianças, idosos, homens, mulheres) expressando seu amor ao Brasil e dizendo que esse é o melhor país do mundo.

Quero poder saber onde estão essas pessoas, que tanto lutaram para que “O Amor” vencesse no período eleitoral do ano passado, pudessem estar nas ruas nesse dia importante para o nosso país expressando o mesmo sentimento que observei no ano passado. Pois não consegui enxergar uma criança ou idoso, mulher ou homem dizer nas manifestações de 2022, palavras de ordem como “morte aos opositores”.

Quero que todos entendam que somos brasileiros (índio-brasileiro, negro-brasileiro, branco-brasileiro, amarelo-brasileiro, pardo-brasileiro), pois o conceito de nação não corresponde a todos serem iguais, mas de todos terem uma única certeza, um só objetivo, uma só bandeira. Temos que proteger nossa terra, sem desconectarmos do resto do mundo, mas que tenhamos o respeito de todos, e que para isso, possamos ter respeito próprio.

Enquanto desanimamos, outros querem tomar o que é nosso, fazendo com que sintamos ódio entre nós brasileiros e deixemos de ter um só sonho, chamado Brasil. É preciso respeitar a decisão da maioria, não só pelas urnas, mas pela presença do povo nas ruas. Não que a minoria deixe de ter seus direitos, pois a maioria tem o direito de cuidar, mas não deve ser sufocada pelo desejo egoísta de poucos.