POLÊMICA

Vereadores da CMM criticam participação de menores de idade em evento LGBTQIA+ em SP

Parlamentares contestaram a existência de “crianças trans” e defenderam a escolha da identidade de gênero somente na idade adulta


Durante sessão plenária desta terça-feira (04), no plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM), os vereadores criticaram a presença de crianças na parada LGBTQIA+, realizada no último domingo (02), em São Paulo. Os parlamentares municipais repudiaram o uso das chamadas “crianças trans” que participaram do evento carregando uma faixa com os dizeres “crianças e adolescentes trans existem”.

Foto: Mauro Pereira – Dicom/CMM

O vereador Raiff Matos (PL), foi o primeiro a utilizar a tribuna da casa legislativa mostrando uma fotografia dessas crianças carregando a faixa de protesto durante a para do orgulho LGBTQIA+. O parlamentar afirmou que a proposta apresentada durante o evento, é uma mentira e que estão tentando manipular a mente dos brasileiros.

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“A gente sabe que isso daí é uma mentira, isso não existe, e estão tentando incutir na cabeça da população brasileira, de forma vexatória, de forma vergonhosa, esse tipo de doutrina. Sabemos que essas crianças estão sendo manipuladas. É um deboche com a família tradicional brasileira”, disse o vereador.

Raiff também recordou que existe uma lei municipal de Manaus que impede a participação de menores de idade em eventos como a parada do orgulho LGBTQIA+. “Temos uma comissão de defesa da criança, do adolescente e do idoso, da qual eu sou vice-presidente. Precisamos nos posicionar e não deixar que as crianças sejam induzidas de forma errada”, ressaltou.

Já o vereador Marcel Alexandre (PL) disse que a ação de estimular esses jovens a aceitarem o diferente durante esse tipo de evento é uma cortina de fumaça, pois o que está acontecendo “é um projeto desenvolvido há muitos anos”, afirmou.

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“O que esse projeto visa, que não é aceitação coisíssima nenhuma, é que a sociedade passe por uma transformação. É algo que envolve gigantescas instituições de responsabilidade social, do poder público, tanto que nós vamos olhar hoje essas instituições e todas têm um setor que representa esse interesse específico, alocados em modismos sexuais, que eu não quero citar o nome”, disse o parlamentar.

O vereador Dione Carvalho (Agir) discursou logo em seguida, e disse que essas crianças são facilmente manipuladas. “Inadmissível que um grupo de pessoas utilize as nossas crianças como escudo para sobrepor da sua ideologia”.

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O parlamentar completou dizendo que: “Não tenho nada a ver com quem é A, B, C, D, não tenho nada contra, só não mexa nas nossas crianças. Os meus filhos, os seus filhos e de cada um aqui não tem nada a ver com a ideologia sexual de cada um”, concluiu Dione.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Concluído o debate, o vereador Capitão Carpê (PL) disse que os jovens que estavam presentes no evento paulista foram levados por pessoas insensatas e afirmou que “crianças trans não existem” e que é preciso ter “uma maturidade etária para poderem decidir o que querem para suas vidas”.

Em contraponto aos argumentos dos parlamentares municipais de Manaus, a ativista e uma das fundadoras da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Amazonas (Assotram), Joyce Lorane, afirmou que os vereadores de Manaus estão utilizando um discurso oportunista, e que os mesmos estão querendo se promover “através da discriminação contra outras populações”.

“As pessoas utilizam desses espaços para propagar o seu ódio e muitas vezes tentar validar (seu discurso) dentro desses espaços que seriam públicos. A gente vê isso de uma maneira negativa, tem toda uma repercussão”, afirmou a militante.

Joyce rebateu as críticas dos vereadores de Manaus e afirmou que foi uma “criança trans”.

“Eu fui uma criança trans. Quando pessoas fazem esses discursos, elas vão ao encontro do princípio da proteção integral, que é para analisar e estabelecer políticas que garantam a integridade dessas crianças e adolescentes. Esse é um dos princípios fundamentais do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). E tem o princípio também da não discriminação”, finalizou.