CRÍTICAS

Presidentes do Uruguai e Chile criticam apoio de Lula a Maduro

Em uma entrevista coletiva realizada na segunda-feira (29) em Brasília, Lula diz que Maduro estava sendo “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.


Os presidentes do Chile e do Uruguai, durante seus discursos na cúpula da América do Sul, realizada nesta terça-feira (30) no Palácio do Itamaraty em Brasília, criticaram a postura do presidente Lula (PT) através de sua declaração aos jornalistas na segunda-feira (29), em que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”. Para os líderes, embora a Venezuela seja bem-vinda na mesa de negociações, as questões democráticas devem ser tratadas em um tom diferente.

Continua depois da Publicidade

Para o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, a fala do presidente Lula em defesa de Nicolás Maduro lhe deixou “surpreso”, pois ele não “enxerga” a ditadura na Venezuela como uma “narrativa”.

“Fiquei surpreso quando foi dito que o que aconteceu na Venezuela foi uma narrativa. Já sabem o que pensamos a respeito da Venezuela e ao governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que estão mediando para haver uma democracia plena no país, para que se respeite os direitos humanos e que não hajam presos políticos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com o dedo. Vamos dar o nome que tem e vamos ajudar”. A declaração de Lacalle, foi feita em uma reunião fechada durante sua participação no encontro.

Já o presidente do Chile, o esquerdista Gabriel Boric, disse em seu discurso em Brasília que está feliz que a Venezuela possa voltar a participar de negócios entre os países da América do Sul, mas não se pode fechar os olhos aos acontecimentos naquele país, quer seja para ambos os lados ideológicos.

Continua depois da Publicidade

“Nos alegra que a Venezuela retorne às instâncias multilaterais. Mas isso não significa fingir que não ver. Há uma discrepância entre a realidade e as declarações do presidente Lula […] A mim interessa que os direitos humanos sejam respeitados”, disse Boric.

Mesmo com as críticas contra o presidente Lula, Boric ressaltou que as sanções contra os venezuelanos são pesadas. “Vamos fazer um chamado aos Estados Unidos e à União Europeia para levantarem as sanções,” completou.

Continua depois da Publicidade

Entenda o caso

Em uma entrevista coletiva realizada na segunda-feira (29) no Palácio do Planalto em Brasília, ao lado do ditador da Venezuela Nicolás Maduro, Lula declarou que o líder venezuelano estava sofrendo uma campanha contrária por meio de narrativas que tinham construído contra o seu país durante muitos anos.

Lula enfatizou ainda que o assessor especial da presidência e ex-chanceler Celso Amorim andava pelo mundo explicando que não era do jeito que as pessoas diziam, pois a Venezuela estava sendo “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.