DIPLOMACIA

Para minimizar declarações sobre a guerra da Ucrânia Lula deve enviar Celso Amorim para encontro com Zelensky

Conforme o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macedo, a data para a viagem de Celso Amorim à capital ucraniana ainda não foi estabelecida, e ainda não deu detalhes da mensagem que o governo brasileiro deve enviar a Zelensky.


O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macedo, disse nessa sexta-feira (21) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve enviar para Kiev, capital da Ucrânia, o chefe da assessoria especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, para uma reunião diplomática com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A reunião deve acontecer depois da viagem feita por Amorim a Moscou no início de abril, onde esteve com o líder russo Vladimir Putin.

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Conforme o ministro Macedo, a data para a viagem de Celso Amorim à capital ucraniana ainda não foi estabelecida, e ainda não deu detalhes da mensagem que o governo brasileiro deve enviar a Zelensky.

Macedo foi escalado pelo governo para receber representantes ucranianos na Europa nesta sexta (21) na embaixada brasileira em Lisboa. A associação dos representantes entregou uma carta endereçada ao presidente Lula onde pede maior envolvimento do Brasil na mediação pela paz no conflito entre Rússia e Ucrânia e reforça o convite para que o presidente faça uma visita ao país.

“Informei à associação dos ucranianos aqui na Europa que o ex-chanceler –hoje assessor estratégico para Assuntos Internacionais do presidente da República e do governo brasileiro– irá fazer uma visita à Ucrânia”, disse Macedo em entrevista aos jornalistas.

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A iniciativa do governo brasileiro faz parte do movimento para se viabilizar como um mediador neutro para o conflito iniciado em fevereiro de 2022. A ação também é uma tentativa de abafar o incômodo deixado pelas declarações de Lula na última semana, quando avaliou que haveria uma corresponsabilidade entre Moscou e Kiev na deflagração da guerra, além de sugeriu que os Estados Unidos estariam incentivando a continuidade do conflito bélico.

O discurso de Lula foi duramente criticado pelos EUA por uma nota divulgada pela porta-voz do governo norte-americano, Karine Jean-Pierre, na terça-feira (18) e também por líderes da União Europeia. A Casa Branca divulgou um comunicado onde se disse surpresa com as falas do chefe do executivo brasileiro e afirmou que o governo Lula ignorou o ato de agressão territorial feito por Moscou reverberando a propaganda russa.

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“Sugerir que os EUA e a Europa não estão interessados na paz ou que temos responsabilidade pela guerra, isso é claramente errado. É claro que queremos o fim desta guerra”, disse Karine em nota.

Nesta sexta, o ministro Macedo foi questionado sobre as declarações de Lula, o ministro afirmou que o presidente tem “vocação pela paz” e busca usar seu capital político para liderar os esforços pelo fim da guerra em conjunto com um grupo de países neutros, apelidado por ele de “clube da paz”.

“Acho que houve uma interpretação que não condiz com a realidade da posição do presidente Lula”, disse o ministro. “[A intenção do governo] é encontrar países que tenham essa mesma determinação de não se envolver no conflito, não tomar posição nem para um lado, nem para o outro para ter condições políticas de encontrar um caminho para a paz e acabar com a guerra”, afirmou.