A reunião que aconteceu nesta terça-feira (16) entre o governador Wilson Lima (União Brasil) e a cúpula da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Amazonas (IEADAM), a maior do estado, selou um apoio que promete ser decisivo na corrida eleitoral deste ano.
Houve, neste sentido, uma reviravolta surpreendente, após a decisão do ex-governador Eduardo Braga (MDB), que se viu entre a cruz e a espada, de quem estaria em seu palanque neste ano: Lula ou a Igreja.
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Eu explico… o fato é que, durante um evento, em novembro passado, no auditório Canaã (da IEADAM), a presença de Eduardo Braga, com direito, inclusive, de fala em um auditório com cerca de 5 mil pessoas, indicava uma caminhada da igreja no palanque do emedebista. Ouviu-se inclusive, da boca do presidente da igreja, Pastor Jonatas Câmara, a afirmação de que “Eduardo Braga será o nosso governador”.

Fonte: Reprodução
Entretanto, a decisão de Braga por se apresentar como o candidato de Lula no Amazonas obrigou o Deputado Federal Silas Câmara, que é bolsonarista de carteirinha, a cancelar a oração feita meses atrás e converter seu caminho em direção ao governador Wilson Lima que, apesar da demora no anúncio oficial, sempre afirmou que o presidente Bolsonaro seria o seu candidato à presidência da República.
É importante citar que o eleitorado evangélico é, hoje, de grande maioria de direita e encontra no presidente Bolsonaro seu maior representante contra as pautas esquerdistas no Brasil. O presidente sabe disso e, em seu discurso na Marcha Para Jesus 2022, em Manaus, elevou o tom contra o ex-presidente Lula, citando que o pestista seria favorável a pautas como a legalização do aborto e das drogas, e do fortalecimento da ideologia de gênero no país.
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Wilson agora está com a faca e o tucumã nas mãos. Seu poder de articulação, apesar do pouco tempo de política, conseguiu unir, no mesmo palanque, dois rivais declarados: o prefeito de Manaus, David Almeida (seu principal cabo eleitoral em Manaus) e o candidato ao Senado (e amigo pessoal de Bolsonaro), Coronel Menezes. Essas duas figuras entraram em rota de colisão, no período de pré-campanha, principalmente pelas críticas públicas do prefeito às políticas econômicas do governo federal em relação à Zona Franca. Menezes, por sua vez, respondia à altura, sendo o fiel escudeiro de Bolsonaro no Estado.
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A verdade é que a força da IEADAM, com seus mais de 300 mil membros em cerca de 3 mil templos espalhados pelos 61 municípios amazonenses (onde Silas é muito forte) e na capital, dá a Wilson Lima uma confiança que lhe faltava. Digo isto porque seu principal oponente, o ex-governador Amazonino Mendes, tem no interior do Estado seu grande trunfo. Ainda mais nestas eleições, nas quais seu coordenador do interior será o também ex-governador, José Melo (PROS), candidato a uma vaga na ALEAM e historicamente conhecido como “o governador do interior”, quando ainda era vice.
Sem dúvidas, estas serão as eleições mais aguardadas de todos os tempos. De um lado, um novo grupo político, encabeçado por Wilson e David. Do outro, dois caciques de peso, ex-governadores, que tem muito da memória afetiva do amazonense, acompanhados de figuras de peso como Omar Aziz (PSD), Sinésio Campos (PT), e nomes populares como o do jovem vereador do CIDADANIA, Amom Mandel.
É indiscutível o poder que a Igreja tem. Não somente de voto, mas principalmente do papel fundamental na diminuição dos índices de criminalidade, nos trabalhos assistenciais a famílias que não são devidamente assistidas pelo poder público e, principalmente, no peso espiritual que exerce sobre os mais diversos “principados” que influenciaram, durante décadas, as entranhas do poder no Brasil. Esperança para muitos, o posicionamento correto dos representantes desta Igreja promete ser decisivo nos rumos da nova política estabelecida em solo brasileiro.