Durante a reunião de líderes da América do Sul, nesta terça-feira (30) no Palácio do Itamaraty em Brasília, o presidente Lula (PT) defendeu a criação de uma moeda única no Mercosul. Conforme o petista “é preciso aprofundar a identidade sul-americana também na área monetária, mediante ao mecanismo de compensação mais eficiente e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais.”

Foto: Marcelo Camargo/ABr
Lula complementou dizendo que “é preciso implementar iniciativas de tendência regulatória, facilitando os trâmites e desburocratizando fórmulas de exportação e importação de bens”.
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O petista também defende a utilização de instituições econômicas de desenvolvimento, como, a Corporación Andina de Fomento (CAF), o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), o Banco do Sul e o BNDES para uma poupança para fomentar o desenvolvimento econômico e social da região.
“A América do Sul tem diante de si, mais uma vez, a oportunidade de trilhar o caminho da união. E não é preciso recomeçar do zero. A Unasul é um patrimônio coletivo. Lembremos que ela está em vigor. Sete países ainda são membros plenos. É importante retomar seu processo de construção”, disse Lula.
Para Lula, seria um erro restringir as atividades da Unasul aos governos. “Envolver a sociedade civil, sindicatos, empresários, acadêmicos e parlamentares dará consistência ao nosso esforço.”
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Foto: Marcelo Camargo/ABr
O presidente também apresentou outras propostas aos líderes de estados presentes na reunião:
- atualizar a carteira de projetos do Conselho sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan), reforçando a multimodalidade e priorizando os de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira;
- desenvolver ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima;
- reativar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, que irá permitir adotar medidas para ampliar a cobertura vacinal, fortalecendo o complexo industrial da saúde e expandir o atendimento a populações carentes e povos indígenas;
- lançar a discussão sobre a constituição de um mercado sul-americano de energia, que assegure o suprimento, a eficiência do uso de recursos, a estabilidade jurídica, preços justos e a sustentabilidade social e ambiental;
- criar programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior, importante na consolidação da União Europeia;
- retomar a cooperação na área de defesa com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria miliar, de doutrina e políticas de defesa.
Único Bloco Econômico
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Embora Lula tenha a intenção de juntar os países da América do Sul em um único bloco econômico, segundo o jurista Ives Gandra, é muito difícil que o presidente consiga tirar esse plano do papel, pois a situação em que os países da região se encontram economicamente, mostra uma disparidade de recursos e também tempo de planejamento.
“Se compararmos com a Zona do Euro, as discussões para a criação da moeda única começaram lá na década de 50. Em seguida foram implantadas as zonas franca, de livre comércio, aduaneira e mercado comum. A partir daí, com um parlamento forte, foi criado uma comissão capaz de dirigir os trabalhos, além de um conselho e um tribunal europeu”.