ECONOMIA

Lula critica protecionismo da União Europeia e EUA e acena para China

O petista insinuou que se EUA e Europa não quiserem realizar negócios com o Brasil, a China seguirá aumentando sua influência sobre a região.


O presidente Lula (PT) afirmou ao final da Cúpula dos Países Latino-Americanos e Caribenhos com a União Europeia (Celac) — UE, que as potências ocidentais devem observar que se não quiserem investir no Brasil, há outros países interessados.

“Se os Estados Unidos não querem fazer investimento, tem gente que quer. Se a Europa não quer fazer investimento, tem gente que quer”, disse lula.

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

A declaração do petista se refere a interferência da China em um mercado tradicional de negócios entre países da América e Europa, e dita durante o encontro realizado nesta semana na Bélgica, patrocinado pelos europeus que pretendem estreitar os laços econômicos com países da América Latina e Caribe. A intenção do encontro é reduzir a influência chinesa na região.

Lula insinuou que se EUA e Europa não quiserem realizar negócios com o Brasil, a China seguirá aumentando sua influência sobre a região. O petista também declarou que os europeus e norte-americanos devem entender que o mercado sul-americano é disputado.

“Como estamos na era da competitividade, as pessoas precisam entender que é preciso disputar. E a América Latina é um mercado muito importante para a União Europeia”.

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

 Crítica à proposta da União Europeia

Lula também disparou contra o acordo que está sendo negociado entre Mercosul e União Europeia. O presidente disse que em três semanas o Brasil irá responder à carta adicional da União Europeia no acordo entre os blocos econômicos.

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Para Lula, os europeus devem aceitarem a contraproposta “tranquilamente”, ao classificar o documento europeu apresentado ao Mercosul, como uma “carta agressiva” e frisou que uma negociação não pode ter “ameaças” entre parceiros históricos.

“A Europa fez uma carta agressiva. Ameaçava com punição se a gente não cumprisse os requisitos ambientais. Parceiros não discutem com ameaças, discutem propostas”, disse. Segundo o presidente, “a resposta brasileira está sendo discutida” e será entregue “daqui a 2, 3 semanas à União Europeia”.

“Nós não aceitamos a carta adicional da União Europeia. É impossível imaginar que, entre parceiros históricos como nós, alguém faça uma carta com ameaça. Achamos que a União Europeia concordará tranquilamente com a nossa resposta. Acho que a carta adicional da União Europeia foi possivelmente alguém achando que, fazendo pressão, a gente iria ceder. Não, a gente não cederá”, disse.

Lula também criticou o protecionismo da Europa em relação a produtos agrícolas, como os produzidos na França. “O problema da dificuldade [em fechar o acordo] não é só por conta da América Latina”, falou Lula, enfatizando que Paris quer proteger os seus produtos, mas, “da mesma forma que a França tem essa primazia de defender com unhas e dentes o seu patrimônio produtivo, nós temos interesse de defender o nosso”.

“A riqueza da negociação é que alguém tem que ceder. Um quer 100%, só ficará com 90%. O outro quer 90%, pode chegar a 95%. É isso que significa negociação”, completou.