INFLUÊNCIA

Lula condena interferência estrangeira na política da Venezuela

Durante entrevista para uma rádio gaúcha, Lula compara Bolsonaro com a oposição venezuelana de não aceitarem os resultados dos pleitos no Brasil e Venezuela.


O presidente Lula (PT) criticou, nesta quinta-feira (29), em uma entrevista para a Rádio Gaúcha, do Rio Grande do Sul, a interferência estrangeira na política da Venezuela. Segundo o petista, quem tem intenções de retirar o presidente Maduro do poder, é preciso derrotá-lo nas eleições gerais do país. Entretanto, Lula diz que é preciso também fiscalizar a lisura do processo eleitoral venezuelano, mas o resultado deve ser respeitado caso a oposição do atual governo da Venezuela seja derrotado nas urnas.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“O que não está correto é a interferência de um país dentro de outro país. O que fez o mundo tentando eleger o [Juan] Guaidó presidente da Venezuela, um cidadão que não tinha sido eleito. Se a moda pega, não tem mais garantia na democracia, não tem mais garantia no mandato das pessoas”.

Continua depois da Publicidade

Lula disse durante a sua entrevista, que no início do seu 1º mandato de presidente montou um grupo de autoridades internacionais para indicarem um referendo na Venezuela. Lula comparou a situação ocorrida na eleição da Venezuela com a eleição do Brasil em 2022 em que Bolsonaro questiona o resultado do pleito.

Nicolás Maduro foi reeleito em 2018 por mais 6 anos de mandato. Entretanto, o resultado daquela eleição foi questionado pela oposição. Conforme o petista, a eleição realizada naquele ano foi legítima, porém a oposição não aceita o resultado.

“Nós não tivemos um cidadão aqui, um sabidinho, que não quis aceitar o resultado eleitoral? Nós não tivemos um [cidadãozinho] aqui que quis dar golpe dia 8 de janeiro? Tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral. Nem todo mundo é como Lula, que perdeu do Collor e aceitou o resultado. Que perdeu duas vezes do Fernando Henrique Cardoso e aceitou o resultado”, afirmou.

Continua depois da Publicidade

Lula defende que a política da Venezuela não sofra interferência estrangeira, entretanto o petista afirmou que é preciso fiscalizar a eleição daquele país para garantir a honestidade do pleito. Lula voltou a usar o nome de Bolsonaro como referência.

“Você vive em um país em que o [ex-]presidente da República passou até hoje criticando a seriedade das urnas eletrônicas. É preciso que a gente também fique um pouco atento para que a gente não apenas faça refrão sobre coisas que a gente às vezes não conhece profundamente”.

Continua depois da Publicidade

Durante sua fala sobre a Venezuela, Lula citou também, sobre a questão da Nicarágua. O petista disse haver um “problema” nesse país e pretende conversar com Daniel Ortega, para encontrar uma solução sobre seus atritos com a Igreja Católica. “Nós temos um problema na Nicarágua, eu vou conversar com o presidente da Nicarágua porque tenho relação para conversar, que eu acho que tem que resolver o problema com a igreja, mas [aí] acabou e cada país toca o seu destino”.

Divulgação: Prensa Presidencial/Miraflores @PresidencialVen

Interferência internacional em eleições na América do Sul

O jornal britânico Financial Times publicou uma reportagem na quarta-feira (21) alegando que membros do governo dos Estados Unidos teriam participado ativamente, nos bastidores, de uma ofensiva diplomática para persuadir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e membros das Forças Armadas (FFAA) a aceitarem o resultado das eleições em 2022.

Na reportagem, membros do governo federal, do legislativo nacional, do judiciário e próximos ao ex-presidente, como: O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o então vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), na época ministro da infraestrutura, e do ministro Roberto Barroso do STF teriam sido procurados por Washington.

A reportagem foi veiculada na véspera do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode tornar Bolsonaro inelegível. O senador Mourão (Republicanos), disse em resposta à matéria do Financial Times, disse que nunca conversou com autoridades ligadas ao presidente americano Joe Biden, principalmente com o ex-embaixador Tom Shannon.