AUTONOMIA BC

Entrevista veiculada em 1991 viraliza na internet onde avô de Campos Neto explica o que causa a inflação

Durante sua entrevista, Roberto Campos, declarou em defesa antecipada da autonomia do BC, qual era o motivo da alta dos preços na economia brasileira.


Em uma entrevista concedida ao programa “Roda Viva” da Tv Cultura de São Paulo em 1991, na época o deputado federal Roberto Campos (1917-2002 – avô do então presidente do Banco Central Roberto Campos Neto) disse que a causa da inflação é resultado de decisões do governo e não de ações de empresários. A entrevista concedida há 32 anos viralizou entre os internautas nas redes sociais, como argumento de defesa da autonomia do Banco Central (BC) após as recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é crítico da liberdade da autarquia.

Continua depois da Publicidade

Durante sua entrevista, Roberto Campos, declarou em defesa antecipada da autonomia do BC, qual era o motivo da alta dos preços na economia brasileira. O político e ex-ministro do governo Castelo Branco durante o Regime Militar…. apontou o governo como o culpado e isentando os empresários. Um dos maiores expoentes do liberalismo brasileiro o deputado disse que o Brasil ainda vivia sob a “cultura do Cruzado”, em referência ao plano que tentou controlar a inflação em 1986, no governo de José Sarney.

 

 

Continua depois da Publicidade

Conforme o plano da época era praticado o tabelamento de preços, cuja medida foi elogiada na época pelo economista do PT Aloizio Mercadante, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Roberto Campos declarou que o Cruzado tinha “cultura antiempresarial” ao responsabilizar empresários por aumentos de preços.

“Essa mentalidade antiempresarial deriva de uma definição errônea da inflação. O Cruzado treinou a população brasileira para acreditar que inflação é alta de preços. Não é. Alta de preços é o resultado. Inflação é expansão monetária. E daí? E daí um número de consequências grandes surge. Se inflação é alta de preços, então o culpado é o empresário, que faz a alta de preços. Mas se inflação é expansão monetária, então o culpado é o governo. Veja que a mudança da definição cria uma cultura antiempresarial”, afirmou o deputado em 1991.

Continua depois da Publicidade

De acordo com Campos, a cultura antiempresarial implantada no país era uma limitação do desenvolvimento: “Eu acho isso gravíssimo, porque dos vários “ários” que temos por aí, o operário, o funcionário, o missionário, o realmente importante é o empresário. Operários todos podemos ser. Funcionários todos queremos ser. Missionários são úteis, mas eles falam na vida do além-túmulo, e nós queremos a vida corrente. O dínamo da sociedade é o empresário,” relatou Campos.

Na defesa de sua teoria, Roberto Campos afirmou que, na época em que a Polônia havia se desvinculado do Comunismo, o país teve dificuldades para entrar na economia de mercado após o fim do regime. Conforme Campos, o motivo foi a falta de empresários. Conforme o deputado, houve uma realização de um concurso em que tentaram selecionar pessoas com perfil empresarial, para que houvesse uma produção de empresas e consequentemente, geração de empregos, pois na época só havia disponíveis funcionários e não empreendedores.

O deputado completou dizendo que isso não poderia funcionar, e comparou os empresários daquele país com os empresários brasileiros. “Imagina num concurso o Sebastião Camargo [fundador da construtora Camargo Corrêa], o Amador Aguiar [fundador do Bradesco]. Eu daria uma surra nessa gente num concurso. Falaria latim, grego, recitaria Shakespeare, ganharia do Sebastião Camargo e do Amador Aguiar. Ganharia esse concurso facilmente. Agora, quando chegássemos ao mercado, eles saberiam como ganhar dinheiro e eu não”, disse.