Conforme a diretora-geral adjunta da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura), Maria Helena Semedo, o mundo corre o risco de repetir em 2030 os mesmos números de pobreza registrados em 2015. Em reportagem publicada nesta quarta-feira (9), pelo jornal Valor Econômico, Helena, que está no Brasil participando da Cúpula da Amazônia, em Belém, capital do Pará, declarou que se os índices globais de recessão e conflitos sobre as mudanças climáticas continuarem, o resultado será uma “vergonha” para o mundo.

Imagem: YouTube/Embrapa
“As nossas projeções mostram que se nada for feito, se as condições continuarem iguais, vamos chegar a 2030 com o número de pessoas com fome no mesmo número de 2015. Ou seja, levamos 15 anos e voltamos ao ponto de partida”, disse. “Será uma vergonha para todos os países que, em 2015, se comprometeram em Nova York a contribuir para erradicação da fome, da má nutrição e da pobreza”, completou.
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Helena também afirmou ser preciso realizar ações imediatas e em grande escala para resolver o problema da fome no planeta. “E, para isso, necessitamos de investimento, de políticas, de um comprometimento político global. E precisamos respeitar os acordos”, afirmou.
“Há entre 780 milhões e 821 milhões de pessoas que sofrem de fome no mundo. E quais são as causas? Os conflitos, as mudanças climáticas e também a questão da recessão econômica”. A representante da FAO completou dizendo que esses resultados derivam de questões de saúde e também de geopolítica. “Essas são as causas normais, às quais vieram se juntar agora os efeitos da pandemia e do conflito entre a Ucrânia e Rússia”, falou.
A diretora-geral adjunta da FAO lembrou que a Organização Meteorológica Mundial (OMM) informou que o mundo passa por um aumento da temperatura de 1,5 °C, e que esse fenômeno “afeta diretamente o clima, a saúde e a produção agrícola”. Para Helena, a situação ainda pode piorar muito.
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Sobre a situação do Brasil, Maria Helena afirmou que participou de uma reunião com representantes da Embrapa e destacou o trabalho realizado pela autarquia na produção agrícola.
“A Embrapa nos mostrou que investiu muito no aumento da produção agrícola por meio de produtividade maior, e não à custa do aumento da extensão da área ocupada”, declarou. “Isso quer dizer que poderemos produzir mais se produzirmos melhor. Se investirmos em tecnologia, em ciência, em sementes que podem aumentar a produtividade sem aumento da extensão agrícola”, continuou.