NOVA CONSTITUINTE

Direita do Chile vence eleição para Conselho que vai redigir a nova Constituição do país

O novo texto deverá substituir a atual Constituição em vigor desde 1981, outorgada durante o governo ditador de Augusto Pinochet.


A Direita do Chile foi a vencedora da eleição realizada nesse domingo (7) para a definição de 50 congressistas para compor o Conselho que irá criar a nova Constituição do país. O parlamento chileno (Câmara e Senado) disponibilizou 24 especialistas para auxiliarem na redação da proposta da nova carta magna do país sul-americano.

Foto: Martin Bernetti/AFP

O Partido Republicano, da direita radical, foi o grande vencedor da disputa com 35,40% dos votos. Mas o que determinou a vitória consistente da Direita chilena se deu a soma dos percentuais do 1º colocado com o 3º lugar da eleição que ficou com a Coalizão de Direita, Chile Seguro, que computou 21,07% do eleitorado, assegurando a maioria dos assentos com 56,47% dos votos. A coalizão de esquerda à qual pertence Boric, a Unidade para o Chile (Unidos Por Chile), ficou em 2º lugar, com 28,59% dos votos.

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Seguindo em 4ª lugar ficou a coalizão (Tudo para o Chile – “Todo por Chile”), de Centro, com 8,95%. O PDG (Partido de la Gente), de Direita, terminou a disputa com 5,48% dos votos. Após a elaboração do novo texto da constituição do Chile, os eleitores devem voltar às urnas para decidirem se aceitam ou não a nova constituinte do país ainda neste ano.

O resultado indica mais uma derrota para o presidente de “esquerda” Gabriel Boric, eleito em 2019 diante da insatisfação popular que movimentou o país naquele ano. Boric, não teve força política e popular na sua investida em propor a elaboração de uma nova carta magna chilena, por meio de um plebiscito, onde foi derrotado por 62% dos eleitores que não aceitaram que a nova Constituição do país, fosse escrita por um parlamento composto na sua maioria, por legisladores independentes e de viés esquerdista.

Ivan Alvarado – REUTERS

O novo texto deverá substituir a atual Constituição em vigor desde 1981, outorgada durante o governo ditador de Augusto Pinochet. A atual carta magna é criticada no Chile, acusada de ser a causadora das desigualdades sociais naquele país, por promover a privatização dos serviços básicos, como educação e previdência social.

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Mesmo em desvantagem política, o presidente Boric, fez um pronunciamento ainda na noite de domingo (7) solicitando ao Partido Republicano que não cometa “os mesmos erros” da assembleia passada. “Como presidente da República, em nome do Estado e do povo do Chile, convido-os a agir com sabedoria e confiança”.

Boric acrescentou também dizendo que o processo anterior falhou em não ouvir quem pensava diferente deles.

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Em entrevista ao jornal “La Nación”, o líder do Partido Republicano, José Antonio Kast (derrotado por Boric na eleição presidencial de 2019), disse que apesar da vitória de sua sigla, não há o que comemorar. “E alguém vai se perguntar o porquê. Porque o Chile não está bem, porque os chilenos não estão bem, e isso deve ficar gravado no coração deles, as coisas não estão bem”.

Entretanto, Kast comemorou o triunfo dizendo que os chilenos venceram a relutância, a apatia e a indiferença ao votarem. “O Chile derrotou um governo falido. E isso deve ser dito alto e claro. Um governo que não tem conseguido enfrentar a crise da segurança, a crise da imigração, a crise econômica, a crise social, ao nível da saúde, da habitação e muitas outras.”