CRISE ECONÔMICA

Declaração de falência de principal banco de startups preocupa o mercado financeiro mundial

A instituição financeira forneceu financiamento para quase metade das empresas americanas de tecnologia e saúde apoiadas por capital de risco.


Um dos principais bancos financiadores de startups de tecnologia dos Estados Unidos decretou falência nesta semana, deixando sem rumo seus clientes e investidores na economia americana e mundial. O Silicon Valley Bank (SVB) enfrentou uma súbita corrida aos bancos devido a uma crise de capital, entrando em colapso na manhã da última sexta-feira (10), quando o banco foi adquirido por reguladores federais.

Foto: NATHAN FRANDINO

Fundado em 1983, o SVB tem como característica realizar serviços bancários para startups de tecnologia. A instituição financeira forneceu financiamento para quase metade das empresas americanas de tecnologia e saúde apoiadas por capital de risco. O Banco não era tão conhecido fora do Vale do Silício nos EUA, porém o banco era um dos mais conhecidos nas empresas de tecnologia, estando entre os 20 maiores bancos comerciais americanos, com US$ 209 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) em ativos totais no final do ano passado, conforme o Corporação Federal de Seguro de Depósitos dos EUA (FDIC).

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Um dos motivos para que o SVB entrasse em colapso, foi uma clássica corrida ao banco. A versão mais longa é um pouco mais complicada. Entretanto, várias forças colidiram para derrubarem o banqueiro. Outro motivo foi o aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve, que começou há um ano para domar a inflação. O Fed agiu de forma agressiva e os custos de empréstimos mais altos minaram o ímpeto das ações de tecnologia que beneficiaram o SVB.

Em uma tentativa de conter a crise financeira nos EUA, o presidente dos EUA, Joe Biden, em uma coletiva de imprensa, prometeu nesta segunda-feira (13) fazer o que for necessário para enfrentar a ameaça de uma crise bancária, após colapsos do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, que forçaram os reguladores a intervir com medidas de emergência.

Images/LightRocket via Getty Images

As taxas de juros mais altas também corroeram o valor dos títulos de longo prazo que o SVB e outros bancos engoliram durante a era das taxas de juros ultrabaixas, quase zero.

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A carteira de títulos de US$ 21 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões) do SVB estava rendendo uma média de 1,79% – o atual rendimento do Tesouro de 10 anos é de cerca de 3,9%. Em simultâneo, o capital de risco começou a secar, forçando as startups a sacar os fundos mantidos pelo SVB.

Conforme a situação do mercado, o banco estava parado sobre uma montanha de perdas não realizadas em títulos quando o ritmo de saques dos clientes aumentava. Na quarta-feira (8), o SVB anunciou que havia vendido vários títulos com prejuízo e que também venderia US$ 2,25 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) em novas ações para reforçar seu balanço.

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O resultado dessa notícia foi A instalação de um pânico entre as principais empresas de capital de risco, que supostamente aconselharam as empresas a sacarem seus fundos monetários do banco. As ações do banco começaram a despencar na manhã de quinta-feira e, à tarde, arrastavam as ações de outros bancos com elas, pois os investidores começaram a temer uma repetição da crise financeira de 2007-2008, onde a gigante dos investimentos Lehman Brothers Holdings Inc. decretou falência em 2008.

Na manhã de sexta-feira (10), a negociação de ações da SVB foi interrompida e ela abandonou os esforços para levantar capital rapidamente ou encontrar um comprador. Os reguladores da Califórnia intervieram, fechando o banco e colocando-o em liquidação sob o FDIC. (Corporação Federal de Seguro de Depósitos dos EUA)

O FDIC normalmente vende os ativos de um banco falido para outros bancos, usando os recursos para reembolsar os depositantes cujos fundos não foram segurados. Um comprador ainda pode surgir para o SVB, embora esteja longe de ser garantido.