O presidente Lula (PT) aumentou o tom das críticas ao governo de Israel, após a chegada, em Brasília, na segunda-feira (13) dos 22 brasileiros e seus 10 familiares palestinos que viviam na Faixa de Gaza. O petista fez colocações agressivas à iniciativa militar dos israelenses contra o grupo terrorista do Hamas. Lula comparou a ação israelita com atos de terrorismo, devido às mortes de civis palestinos. O presidente aferiu seu discurso durante a recepção dos refugiados na Base Aérea de Brasília.

Foto: Ricardo Stuckert/PR
“Eu já vi muita brutalidade, muita violência e muita irracionalidade, mas nunca vi uma violência tão brutal e tão desumana contra inocentes. Porque, se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra”, declarou.
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Lula enfatizou a libertação de reféns, em sua maioria israelenses, que estão em cárcere privado pelo Hamas desde o dia 7 de outubro, quando os terroristas atacaram regiões ao sul de Israel. Em seus pedidos, Lula não conectou os reféns ao grupo terrorista, porém citou poucas vezes o nome do grupo Hamas.
“Crianças jamais poderiam ser feitas reféns, não importa em que lugar do mundo. É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses sequestradas de suas famílias”, escreveu Lula em sua rede social no dia 11 de outubro.
As falas do petista repercutiram no meio diplomático brasileiro. Segundo Sérgio Eduardo Moreira Lima, que comandou a embaixada do Brasil em Israel entre 2003 e 2006, disse que a legítima defesa deve estar sempre acondicionada a títulos do direito humanitário, da proporcionalidade, além da obrigação de proteger a população civil.
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“Essa proteção se aplica a hospitais, residências, etc. Entendo a reação de políticos e da opinião pública internacional com relação a todas as vítimas do conflito, inclusive os milhares de civis palestinos, especialmente mulheres e crianças. É preciso protegê-las, como previsto nas convenções de Genebra”, disse.
O diplomata Paulo Roberto de Almeida, apresentou uma opinião contrária às falas de Lula. Segundo o especialista, o presidente tem exercido uma diplomacia “bastante particular”, o que torna um “problema para a diplomacia profissional”.
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“O que temos atualmente é personalismo em estado puro, sem qualquer controle de seres mais racionais, uma altíssima dose de histrionismo à base do ‘eu sei, eu faço’, que beira a loucura nos improvisos destrambelhados, o que prejudica enormemente a diplomacia profissional, o que era mais raro nos dois mandatos anteriores”, citou.