IMPASSE CONGRESSO

Arthur Lira sobe o tom contra interferências de senadores nas negociações sobre PEC das MPs no Congresso Nacional

Embora Lira não tenha mencionado os nomes dos envolvidos na polêmica, a fala é uma declaração contra as influências de Davi Alcolumbre (UB), do Amapá, que foi presidente do Senado até 2021, e principalmente do senador Renan Calheiros (MDB), rival de Arthur Lira.


O Presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira (PP), comentou em uma entrevista coletiva, nesta quinta-feira (23), sobre o impasse entre a Casa Alta (Senado) e a Casa Baixa (Câmara) na tramitação das Medidas Provisórias (MPs) do executivo federal. O parlamentar subiu o tom após citar a reunião com o senador David Alcolumbre (UB), na qual apresentou a ideia de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para mudar o rito atual das MPs no Congresso Nacional. Lira reclamou sobre interferências políticas do seu estado de origem (Alagoas) no Legislativo.

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

“O Senado está com dificuldades de entender quem manda e quem dirige [a Casa Alta]. Eu lamento muito claramente que a política regional ou local de Alagoas interfira no Brasil. O Senado não pode ser refém de Alagoas ou do Amapá. O Senado é muito maior, é uma casa federativa que representa todos os estados”, disse o presidente da Câmara.

Continua depois da Publicidade

Embora Lira não tenha mencionado os nomes dos envolvidos na polêmica, a fala é uma declaração contra as influências de Davi Alcolumbre (UB), do Amapá, que foi presidente do Senado até 2021, e principalmente do senador Renan Calheiros (MDB), rival de Arthur Lira. Conforme o parlamentar, desde a reeleição à presidência da Casa Alta, o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional, se manteve em silêncio em relação à Câmara, o que seria mais um indicativo do distanciamento entre os líderes.

“O Senado através da sua presidência silenciou de conversas da eleição da mesa. Não tivemos nenhuma conversa e não foi por minha parte. Respeito o silêncio, muito embora não entendo”, afirmou Lira.

O clima entre as duas Casas foi tensionado desde que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, propôs o retorno das comissões mistas para a análise de medidas provisórias antes de seguirem à votação nos plenários, no início de fevereiro. Durante a pandemia da Covid-19, as comissões mistas foram suspensas e as MPs vão à análise diretamente ao plenário da Câmara dos Deputados.

Continua depois da Publicidade

Segundo Lira, a Câmara prontamente não aceitou a proposta apresentada por Pacheco, pois uma comissão com 12 senadores e 12 deputados deixaria a Câmara “sub-representada”, por ser maior. O presidente da Câmara propôs uma alternância entre as Casas para a votação, que consta no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) formulada para mudar o rito da tramitação de MPs e projetos de lei na tentativa de se chegar a um meio-termo.

“O que pleiteamos é que as duas Casas pudessem chegar em um acordo em comum para tornar o rito mais adequado ao tamanho de cada uma”, falou.

Continua depois da Publicidade

Arthur Lira declarou que Pacheco tem 29 medidas provisórias paradas em sua gaveta desde dezembro. “Propus que ele fizesse um gesto e mandasse para a Câmara pelo menos as do governo anterior para que pudéssemos votar, enquanto Câmara e Senado discutem sobre o texto de alteração constitucional”, falou.

Ele assegurou que as 13 MPs enviadas por Pacheco, referentes ao governo de Jair Bolsonaro, serão votadas na próxima semana pela Câmara dos Deputados.