Opinião
Mauricio Farias

OPINIÃO

A Síria está livre ou apenas recebeu um “upgrade” da ditadura atual?

Após 24 anos no poder, o ditador da Síria Bashar al-Assad foi deposto neste domingo (08/12) pelos rebeldes sírios comandados por Abu Mohammad al-Golani, líder do (HTS)


Ditaduras nascem, ditaduras morrem! Em toda a história da humanidade, nunca um regime absolutista permaneceu perpétuo. Dos grandes líderes, aos “pseudos” autocratas que, em suas mentes perturbadas, imaginam ter o poder absoluto de uma nação, certamente tiveram seus declínios e também seus nomes marcados na história como opressores da democracia e da liberdade. E o nome da vez é o ditador da Síria Bashar al-Assad, após ser deposto pelos rebeldes sírios neste domingo (08/12).

Continua depois da Publicidade

Assad deixou o país momentos antes da tomada da capital Damasco, pelas tropas rebeldes sírias, comandadas pelo ex-membro da Al-Qaeda, Abu Mohammad al-Golani, líder do grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Segundo informações de agências de notícias russas, al-Assad está agora em Moscou, capital da Rússia.

Bashar al-Assad assumiu o poder na Síria no ano 2000, após a morte de seu pai, o também então ditador Hafez al-Assad. Bashar comandou o país com firmeza durante 24 anos. O ditador sírio enfrentou diversas revoltas na região, sendo a mais conhecida ocorrida no ano de 2011 com a “Primavera Árabe”, onde a população reivindicava governos mais democráticos.

Apesar da surpresa do sucesso da iniciativa rebelde em tomar a capital Damasco, muitos, em todo o mundo, acreditam que finalmente a Síria está livre de uma ditadura que oprimiu o povo local há mais de 53 anos (somando os governos da família al-Assad — Hafez/Bashar).

Continua depois da Publicidade

Porém, quem está assumindo o poder é o árabe Abu Mohammad al-Golani, 42 anos, ex-membro da Al-Qaeda e também ex-membro da Frente Nusra (satélite do grupo terrorista Estado Islâmico).

Foto: Gokhan Sahin/Getty Images

A comunidade internacional aguarda mais informações de al-Golani sobre que tipo de governo deverá implantar na região. O líder do grupo rebelde, Hayat Tahrir al-Sham (HTS), afirma que pretende criar um governo mais democrático com a participação de mais etnias e grupos religiosos que habitam o país.

Continua depois da Publicidade

Contudo, al-Golani terá que persuadir essas minorias de que seu governo não será uma continuação da gestão anterior, ou até pior, com pitadas de Al-Qaeda e ISIS (Estado Islâmico). Al-Golani, terá que convencer a todos que não será mais do mesmo, pois esses grupos, aos quais participou, foram protagonistas de atentados terroristas e assassinatos de milhares de pessoas, como as “degolações” transmitidas via web e os ataques as Torres Gêmeas e ao Pentágono, ocorridos nos Estados Unidos, no dia 11 de setembro de 2001.