O Central do Poder recebeu, por parte dos moradores do município de Anamã (a 165Km de Manaus) uma denúncia de crime ambiental, por descarte de resíduos sólidos (lixo doméstico e hospitalar) produzido pela prefeitura do município. Entre os locais afetados, estariam a região do Lago do Anamã, a estrada do Anamã-Cuia e a praia do Vila Nova, na entrada do município no rio Solimões. A Prefeitura admite o problema e afirma encontrar dificuldades para a mitigação destes efeitos, nocivos ao meio ambiente e à saúde da população anamaense.
No Lago do Anamã, devido ao “aterro controlado” da cidade, foi identificado o descarte indevido de lixo no local, em campo aberto. A região identificada chega a ser inundada pelas águas do lago, no período da cheia do rio Solimões. De acordo com um dos moradores da região, que não quis se identificar, produtor agrícola familiar de açaí, cupuaçu e mandioca, está cada vez mais complicado encontrar compradores de seus produtos devido à degradação da área que afugenta os investidores e compradores
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“Moro há mais de 50 anos nessa região. Estamos incomodados com essa situação, pois tem investidor que, quando sabem do lixo na região, deixam de comprar conosco e às vezes nem vêm à região. Tive que pegar recursos no banco para fazer um poço artesiano, pois prometeram para nós e nunca fizeram. Tivemos também problemas de saúde, pois um dia eu, meu amigo e minha esposa tivemos dificuldades, e acho até que foi devido à poluição, pois quando vamos pescar, encontramos muito lixo, saco plástico e acho que isso contamina os peixes”, disse o morador, destacando que a água do lago está inapropriada para o consumo, devido à identificação de “coliformes fecais”.
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O secretário municipal de Meio Ambiente de Anamã, César Teles, admitiu que o problema existe, devido à última cheia que espalhou o lixo na região. “Realmente esses resíduos foram à época da cheia quando aconteceu de se espalhar no leito do rio. As equipes de limpeza foram até o local, no entanto, não foi possível resgatar os resíduos 100%”, declarou César.
Sobre o lixão controlado, César disse que o problema é logística e será preciso muito trabalho para resolver o problema. “Quanto a área do lixão controlado, no momento a solução seria uma logística muito grande com máquinas pesadas para amenizar, acredito com escavação de valas para armazenar e enterrar esse resíduo, principalmente o hospitalar”, declarou César.
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Conforme o secretário, possivelmente quando a balsa tiver o seu devido acesso, o prefeito Chico do Belo (PSC) tomará as providências através das Secretarias de Infraestrutura do município para resolver o problema.
Na estrada do Anamã-Cuia, a redação do Central do Poder recebeu imagens de descarte inadequado de lixo, além de focos de queimadas, as quais, colocam em risco a fauna e a flora da região, além de provocar risco à saúde pública com a produção de fumaça tóxica. Nas imagens foi identificada a falta de cuidado desses resíduos, sendo que restos de comida estão misturados com produtos hospitalares.
Segundo relatos de moradores, caso da estrada do anamã-Cuia foi apresentado a Ouvidoria do município e encaminhado à Secretaria Municipal Meio Ambiente de Anamã, conforme registrado no Ofício n°002/2022, em outubro desse ano. Segundo o secretário de Meio Ambiente, as dificuldades para o transporte do lixo se dão devido à falta de condições geográficas de transporte desse material.
O lixo é transportado de balsa para um “aterro controlado” localizado nos arredores do lago do Anamã, porém os resíduos não estão sendo transportados para essa lixeira, devido à inacessibilidade da balsa, ocasionado pela seca dos rios. A secretaria está apenas na função de fiscalizar o destino dos resíduos, sendo que o transporte desse material é de responsabilidade da secretaria de infraestrutura”, disse César.
Procurado por nossa reportagem, o secretário de infraestrutura do município, Edilson de Melo, informou que a situação é um problema recorrente, há anos no município. “Estou há um mês à frente da pasta, porém, esse problema vem de muitos anos. A população sabe da situação do nosso município e não é porque a gente quer. Pois essa situação geográfica da cheia e vazante, atrapalha muito nosso trabalho”, disse.
Sobre a mistura de tipos de dejetos e queimadas, Edilson completou. “Não deixamos misturar o lixo doméstico com o hospitalar. Enquanto às queimadas, alguns moradores queimam lixo no local e isso vem prejudicar nosso trabalho”. Sobre o acúmulo de lixo na estrada, o secretário finalizou que será preciso chegar o período da cheia para que a balsa possa realizar o transporte dos dejetos para o lixão na região do lago do Anamã.
Além da poluição do lago, em outro ponto do município, localizado na praia do Vila Nova, próximo à entrada do município no rio Solimões, foram constatados em vários pontos na areia e sobre as águas, o acúmulo de lixo doméstico, latas de alumínio, garrafas de bebidas, além de sacos plásticos e de outros objetos alienígenas ao ambiente.
As denúncias apresentadas por testemunhas afirmam que esses resíduos sólidos foram produzidos após a realização de um evento da Prefeitura de anamã, nominado Festa da Vitória, no último dia 28 de outubro. Informado por nossa equipe do problema na praia do Vila Nova, o secretário de Meio Ambiente de anamã, não estava ciente da situação, prometendo observar de perto o crime ambiental da região e tomar providências.